ISTO NÃO É MELHOR QUE UM JORNAL?
Um pouco do que se vai publicando por aí! Só alguns. Para a próxima serão outros.
Muito bom fim de semana.
Blogue dos Marretas
Quinta-feira, Maio 22, 2003
PEDÓFOBO
Declaro solenemente que sou pedófobo. Tenho fobia a crianças. Sou alérgico a miúdos.
Façam favor de registar e anexar à minha ficha. Para alguma eventualidade.
Obrigado.
ANIMAL
FLAGRANTE
Fui ao supermercado comprar pão, leite, iogurtes, coca-cola (confesso! também bebo esse produto imperialista...).
À porta, um rapazito de 9 ou 10 anos veio ter comigo. Não percebi se era para me pedir uma esmola, se para me perguntar as horas, ou se estaria perdido dos pais. Olhei para ele. Olhei em redor. Fugi.
Nos próximos anos não quero ser visto perto de crianças.
ANIMAL
Agora e que eu vou dizer tudo...
18.5.03
Não me venham com histórias ... Quem
preparou a molhada para li(n)char o
Assis, foi o
Narciso.
Fátima riu-se às gargalhadas enquanto tomava "um chope bem gêládjinho" na
Tijuca. Telefonou ao advogado (aquela espécie de personagem de novela do género
doutor delegado) e ele recebeu os repórteres. Dirigindo-se às câmaras (coicidências perigosas ...), ameaçou :
ELA VAI VOLTAR !
Entretanto, quem
não volta de certeza é o deputado do PSD
(ex-presidente da Câmara de Águeda) que está muito bem
escondido atrás da
imunidade parlamentar. Todos o vêm, mas ninguém lhe põe a mão. A AR vai passar a ser refúgio de
criminosos ?
Cromwell disse um dia que " no Parlamento todos têm assento. "
Profético !
Heterodoxias Blog
22.05.03
SÓ NOTÍCIAS BOAS
Maltez na Faculdade de Direito do Porto: um acontecimento cultural
Só cedo, por enquanto, a falar de boas notícias. Para falar das más, aí estão muitos outros.
Hoje, de manhã e de tarde, na Faculdade de Direito do Porto, começaram as I Conferências Interdisciplinares. O convidado que as abriu, com muito brilho, e o mais genuíno entusiasmo dos estudantes que assistiram e participaram animadamente nos debates,foi o Prof. Doutor José Adelino Maltez. Temas: A Filosofia do Direito em Portugal (de manhã) e Ideologias e Partidos (de tarde).
Participaram ainda no debate dois membros do Instituto Jurídico Interdisciplinar: o Prof. Doutor José Cruz (Economista)e o Dr. José Lobo (Jurista).
Pode sem exagero considerar-se um dos mais altos momentos da alta cultura jurídica e política nos últimos tempos.
A FDUP tem vindo a convidar grandes vultos do pensamento nacional e estrangeiro: o último fora o Prof. Dr. Mário Bigotte Chorão, da Universidade Católica Portuguesa, o mais consequente e puro filósofo do Direito português ligado à tradição jusnaturalista clássica, que falou sobre o "Realismo jurídico". Outros grandes nomes estão previstos para a rentrée, entre os quais o do Prof. Dr. António Braz Teixeira...
Obviamente trata-se de cultura considerada inexistente, e por isso silenciada pelos fazedores de ideias oficiais e oficiosos... Ah, mas isso já é má notícia...
///Voz do Deserto///
Quinta-feira, Maio 15, 2003
Lopes
Por falar em gatos, na semana passada passei pela Adília na Rua José Estevão. Achei-a mais penteada que o normal. Uma boa desculpa para usar algumas das suas palavras: "Não penso que sejam só os padres, os frades e as freiras, os pastores e as pastoras, quem tem a capacidade, a habilidade e a autoridade para falar e escrever acerca dos textos sagrados. Tenho pena que no meu país, país de católicos (diz-se) e, se calhar, em muitos outros, Gn 4, 9-10, seja tomado, muito provavelmente, como a matrícula de um automóvel e não como a sigla para designar uma passagem da Bíblia (do Livro do Génesis, primeiro livro da Bíblia, do Antigo Testamento, capítulo 4, versículos 9 e 10)".
Voz
bomba inteligente
Terça-feira, Maio 20, 2003
Sobre a notícia do adepto do Futebol Clube do Porto que morreu afogado em Sevilha, o comentário do meu marido foi o seguinte: "E quem terá ficado com o bilhete?" posted by
Charlotte
A Espada Relativa
Quinta-feira, Maio 22, 2003
Not again, please...
Já é um pouco tarde, chego agora de fazer babysitting (as tias são para isso mesmo!) quando deparo com um cenário preocupante, a trama melhor urdida dos últimos séculos está de volta : Casa Pia. A minha inquetação tem um fundamento no pequeno episódio familiar de há umas semanas atrás. Tendo a minha mãe, numa visita de cariz particular e esporádico, assistido a um almoço numa das casas da instituição, a minha irmã aproveitou a época de férias para levar as suas crias de visita a Lisboa. Aquando do regresso, e já na porta da instituição, tendo a mais pequena das criaturas cedido aos encantos do João Pestana, a minha irmã pede ao filho mais velho que vele pelo irmão enquanto ela chamaria a avô. Esta busca não foi duradoura, coisa de 10 minutos no máximo, e qual não foi o espanto de, chegadas ao carro encontrarem a pobre criança a limpar as lágrimas dos olhos. Como a minha mãe havia trazido umas amigas que aproveitariam a boleia, a criança sentindo-se intimidada, não respondeu quando questionada sobre o que sucedera. Após todas as entregas feitas, a minha mãe incluída, e estando já a minha irmã e prol na sua fortaleza, depois de lhe perguntar sobre o episódio das lágrimas, o miúdo (que tem 6 anos) respondeu já aliviado, que quando lhe dissera que a avó estava dentro de algo associado à Casa Pia, se tinha assustado porque lá dentro tinham uns homens muito maus e não se podia dormir lá, era muito perigoso... Tinha receio que a avô ficasse lá.
Esta é só uma amostra do que se passa diáriamente, normalmante à hora do jantar - que é a hora dos telejornais- quantas vezes não os ouvimos dizer "Outra vez a Casa Pia?!?! Já estamos fartos!!" o sentimento é comum a quase todos eles (a mais velha tem 7 anos...).
Não me autorgo sequer o direito de questionar a liberdade de imprensa, mas por favor, um pouco de contenção e respeito pelos demais não me parece que fosse atropelar a possibilidade de informar.
PS - diz a minha cunhada que a coisa agora vai virar, depois desta perseguição ao PS, a vez dos PSD vai chegar ( ela lá sabe, tem os seus contacto dentro do inimigo..., enfim a família é pluralista e damo-nos todos bem! quando não falamos de politica...)
colocado por
Brisa
MIL E UMA PEQUENAS HISTORIAS
227. Comentar (ao Renan, sim, outra vez!)
Era uma vez um homem que foi aclamado como o mais exímio comentador da sua geração. O forte brilho dos seus comentários era de tal forma temido, que se conta terem chegado certos autores a contratar um assassino profissional para acabarem de vez com o seu sofrimento. Seja como for, o que é certo é que um dia ele cedeu ao desafio de se tornar ele mesmo um autor, e escreveu um livro. Todos foram unânimes em declarar que se tinha perdido um óptimo comentador e ganho um péssimo autor. Ele nem se dignou comentar, na verdade nunca mais comentou.
afixado por
Luis N em 12.5.03
Bola Verde
(modéstia à parte…)
Terça-feira, Maio 20, 2003
Posted 9:46 PM by João Carvalho Fernandes
Tinha cerca de 9 anos. A minha mãe à hora do costume, mandou-me para a cama. Tentei resistir, mas lá acabei por obedecer.
Passados uns minutos, levantei-me e liguei um pequeno transistor que tinha no quarto, para ouvir o relato. Já nem me lembro como acabou o jogo. Só que o Sporting fez um resultado idêntico ao da primeira mão dessa (meia-final?) da Taça das Taças, pelo que no conjunto Glasgow Rangers e Sporting ficaram com o mesmo número de golos.
Terminado o jogo, o árbitro mandou marcar pontapés da marca da grande penalidade, para desempatar. E nessa decerto memorável noite para quem assistiu ao jogo, o grande VÍTOR DAMAS defendeu três penalidades! A cada uma eu dava pulos de contentamento, tentando ao mesmo tempo fazer o mínimo de barulho (já devia ser cerca de meia noite!). Foi uma grande alegria.
O pior, viria na manhã seguinte: descobrir que momentos após o jogo, o árbitro alertado para a mudança das regras das competições europeias, que ele desconhecia, atribuiu a vitória ao clube escocês, por ter marcado maior número de golos fora!
Luis Oliveira
A minha tabuinha
Agora... estou confortavelmente sentada numa cadeira, cujas rodinhas na pata espalmada, facilitam a deslocação ao longo da mesa onde se acomoda tudo o que preciso para entreter o tempo que sobra entre o preparar das refeições, do passar a ferro, do arruma a cozinha, do lava a louça, do coser a roupa... enfim das tarefas que bem cedo aprendi, de que tanto aproveitei e de que ainda me não aposentei.
Estou na Sala dos Mimos!
Da esferográfica ao computador, passando pelo rádio e aquecedor, tudo é conforto actual com cheirinho a electrónica!
Chamo-lhe Sala dos Mimos porque toda essa electrónica instalada é fruto do carinhoso amor dos filhos, amparando os anos que pesam e os dedos onde a artrite se acomodou e desenvolve paulatinamente.
O telemóvel está presente para as urgências:
«Como faço agora?!» E, nele ali mesmo à mão, a voz da filha, - ou do «filho» que ela me trouxe na brisa fresca de um Verão - pertinho do ouvido, desfaz as dúvidas.
«E agora? Isto está avariado?» E a voz do filho resolve num despacho, a qualquer hora nem que vá de viagem! E aquela «filha» por ele vinda de presente num Natal, dá outros mimos... que o computador lhe faz nervoso miudinho!... «Então, mãe, a cadeira é fofinha? Até aquece as costas! Ponha os pés ali que fica mais confortável. Está bem assim?»
E a voz dos netos também em gargalhadas: «Ó avó, clique em... e depois em... » Pois, era mais que evidente! «Liga sempre, avó, que nós cá estamos... » Afinal era tão simples. A minha cabeça é que vem de outra geração. Que me vão ligar à internet!... Vai haver nova fase de complicações! Mas, se cada complicação resultar num mimo... venham as complicações!
Hoje, ao acordar, o disco da memória abriu-se na caixinha-da-música. Poisou a agulha da grafonola numa faixa gasta... e largou: «Dez anos são passados desde o dia em que... ». Só à terceira saiu a canção por aí fora... Sorri, levantei-me... e aqui estou.
Agora... vou colocar a agulha noutra faixa gasta, e prosseguir...
Nela cinquenta anos já ficaram para trás, o tempo em que morava naquela casinha pobrinha com tecto de telha-vã. Sentava-me num banquito, à lareira de paus secos, com um casaco puídinho nas costas e colocava sobre os joelhos uma tabuinha alumiada pelo candeeiro de petróleo. A minha tabuinha tinha inúmeras funções:
Podia ser mesa-de-almoço e de jantar. Essa função ser-lhe-ia a mais dolorosa por servir de base a um tacho de alumínio com água a ferver, cuja tampa era um prato de esmalte contendo o menu:
Batata Redonda - (cozida, pelada ou com pele) e, por conduto, um ovo cozido; ou
Batata Guisada - e conduto, motrequinhos de febra frita conservada em banha de porco num pote de barro; ou
Açorda de Nada - sem conduto, só com cheiro a dente de alho; ou
Arroz de Nada - condutado com peixe da ribeira, quatro o máximo, de 7 a 10cm cada!
Arroz para variar e não apanhar a doença da batatose! Também podia haver sopa de couve, de nabos, de abóbora que as mães dos alunos cultivavam com fartura.
«Deus a salve, minha senhora. Aceite que é de boamente e sem esprito de ofensa. »
«Salve-a Deus, Sr.ª F... e lhe dê em dobro.»
Era assim o protocolo naquela terra.
A Ti Ana Pobre (assim chamada porque o era) contribuía para a sopa com vinte batatas numa saquita de retalhos. «Desculpe, minha senhora, a taleiga é maneirinha mas muito o Senhor deu a quem nada mereceu».
Era assim o coração daquela gente.
Mas, continuemos:
Como tabuinha-escrivaninha já sabia marcar e contar os erros ortográficos nos ditados... corrigir redacções... Sabia corrigir as contas intermináveis com oito algarismos no multiplicando e quatro no multiplicador, ou dez no dividendo e quatro no divisor... tudo com casas decimais, com as respectivas provas reais... Era realmente importante saber bem a tabuada salteada ou salpicada! Descodificava intrincados problemas de Aritmética com cinco e seis operações e inventava estratégias para que fossem compreensíveis os raciocínios arquitectados.
Tabuinha-Estante do livro escolhido para entretenimento ou estudo da sua dona, sabia os segredos das cartas para o namorado! Quando a caneta de tinta permanente parecia falhar, chegava-se de longe ao calor do lume, o líquido fluía... experimentava-se na tabuinha... sempre com a mesma palavra "Manuel", logo raspada com um canivete, letra por letra para ser... mais gostoso!
Tabuinha- ambão amparando o pequeno livro de orações, escutando mudamente petições, compromissos às vezes esquecidos, um louvor, uma acção de graças...
Tabuinha-confidente, apoio dos cotovelos quando as mãos seguravam a cabeça pesada de cansaço, de sono, de saudade dos irmãos, de tristeza...
Tabuinha- testemunha de horas de solidão, recebendo e absorvendo alguma lágrima fugidia e obstinada.
A tabuinha congratulou-se com êxitos imperceptíveis e abandonou fracassos confiados à misericórdia Divina cujos ecos só serviriam para alimentar impiedades.
Nada, então,era electrónico, meu Deus!
Mas obrigada, Senhor, pela minha Tabuinha dos Anos Cinquenta.
Maria Ezequiel